sexta-feira, 28 de março de 2014

Encontrar a perfeição na imperfeição, por Diego amorim

Porque achamos que temos de ser perfeitos, cobramos do outro perfeição, numa lógica mais simples do que parece.
E se não a encontramos – ou seja, sempre – nos revoltamos com a imperfeição alheia, nada mais do que reflexo da nossa própria imperfeição.
Num mundo cada vez mais midiático e conectado, as aparências nunca tiveram tanta força, nunca foram tão soberanas.
Vale o que parece ser, não o que de fato é. Vale o que eu escolho mostrar, não o que eu sou. Vale a maquiagem, a máscara, a superfície. Vale a foto do perfil.
Mas a vida nos ensina. Ou ao menos tenta. E, nela, não podemos escapar das nossas falhas, misérias, fragilidades, ou como queira chamar.
Mais cedo ou mais tarde, o outro se depara com elas. E nós também com as dele. E segue a vida, nessa troca certa.
Quanto mais procuramos romper com essa verdade, mais nos decepcionamos, mais tornamos a vida mais pesada. E mais fantasiosa e ilusória, uma vez que buscar a perfeição – em si e no outro – é tentativa eternamente frustrada.
Parece óbvio demais. E é. Mas não raras vezes entramos no circuito perverso das idealizações e, sem que percebamos, somos hipnotizados em meio a missões impossíveis.
Ajustar o foco é preciso. Aos poucos, que seja.
Encontrar a perfeição na imperfeição é o desafio. Em outras palavras (uma, por sinal): amar. Amar a si mesmo e ao outro, ciente da humanidade da qual ninguém pode fugir.

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